Nos últimos dias muito se tem falado sobre o impacto do COVID-19 no mundo e na economia em particular.
Várias empresas estão neste momento forçadas a passar por dificuldade, não apenas pela imposição do Estado mas, sobretudo, pela imposição do vírus que fez parar o país e o mundo. E, em contexto económico e empresarial, acredito que o setor mais fustigado com este impacto será, de facto, o Turismo.
Turismo em Portugal
Nos últimos anos, Portugal vinha somando recordes atrás de recordes no Turismo.
Portugal bate recorde com 12,78 milhões de turistas em 2018.
Jornal de Negócios (2018)
Como podemos ver no gráfico acima, anualmente o crescimento global do turismo vinha sendo notório e significativo, em particular a partir de 2013.
Porto e Lisboa conquistaram vários prémios como destinos turísticos de eleição, várias cidades nacionais aumentaram em mais de 100% a sua procura e, consequentemente, as empresas deste setor aproveitavam esta maré para para manter um crescimento sustentado.
A questão que se coloca neste momento é:
E agora? O que vai ser do Turismo?
Tal como disse num dos artigos anteriores:
Talvez ainda seja cedo para afirmar tal coisa mas, acredito, que o impacto desta crise vai ser (infelizmente) maior do que a crise de 2008 nos Estados Unidos da América ou a crise das dívidas soberanas na Europa (em 2010/2011).
O Turismo, pelas características que apresenta e pela “dependência” do estrangeiro com a livre circulação de pessoas, vai ser drasticamente afectado.
Turismo Internacional
Na generalidade dos países, irá existir um quebra significativa no Turismo externo fruto do fecho de fronteiras e isolamento social. Apesar de tais medidas serem temporárias, vão fazer com que a receita quebre drasticamente e, consequentemente, afete o Turismo.
Ainda assim, alguns países serão mais fustigados com a pandemia e, logicamente, os mesmos partilham de 2 principais factores que serão 1) grau de dependência do turismo para o PIB e 2) impacto do COVID-19 na população.
Na prática, países de Sul como é exemplo de Portugal, Espanha ou Itália, são países onde o Turismo é o principal (ou um dos principais) motores da economia. Nesse sentido, com a queda de curto prazo do mesmo, há um impacto ainda maior para a economia e população.
A acrescer a este facto, Espanha e Itália especificamente apresentam infelizmente elevados números de infectados. Para além de ser devastador para a economia e, sobretudo, para a sociedade, do ponto de vista do Turismo poderá gerar medo e receio o que, por si só, afectará o turismo internacional e, diria mesmo, nacional, salvando-se somente o Turismo Regional ou Local numa ótica de apoio ao consumo interno para apoiar as micro e pequenas empresas.
Com o crescendo dos números de infectados, os países mais fustigados pela pandemia irão sofrer uma dupla penalização. A este nível destaque para os Estados Unidos da América que irá muito provavelmente ficar “apenas” no 3º lugar do pódio das maiores economias mundiais, atrás da Índia e China com este vírus.
Turismo em Portugal
Infelizmente, não me parece que Portugal possa ser uma exceção, apesar de os números serem cada vez menos negativos segundo a DGS (longo debate sobre o verdadeiro significado dos relatórios que deixarei para outro artigo!).
Existem previsões que apontam para uma quebra do PIB nacional entre os 3,7% a 5,7% mas há quem fale em quebras significativamente maiores a rondar os 8,5%. Não sou economista nem tão pouco sei qual vai ser a quebra do PIB. O que acredito, infelizmente, é que muitas empresas, seja qual for o setor de atividade onde estiverem inseridas, vão fechar. E o turismo não será exceção… É, por isso, peremptório agir…
Como minimizar os estragos?
Neste momento vários empresários da restauração e hotelaria têm vindo a procurar soluções para combater a crise. No curto prazo, a solução de muitos passou pela entrega de comida ao domicílio, quer utilizando plataformas de entrega já conhecidas como Uber Eats e Glovo ou, de forma autónoma, dinamizando as entregas diretamente.
No entanto, o impacto positivo dessas medidas para micro e pequenas empresas é pouco significativo face ao que seria a faturação normal do decorrer da atividade.
Por isso, de forma assertiva, creio que neste momento existem “apenas” 2 soluções na cabeça de todos os empresários do setor:
- Medidas de proteção e apoio tal como Layoff simplificado e/ou apoios à tesouraria e financiamento de empresas;
- Venda/Encerramento da atividade.
Qualquer uma destas decisões tem implicações de curto, médio e longo prazo e nenhuma delas é fácil de tomar…
Estou certo que algumas das empresas deste setor vão sobreviver. Mas, também, acredito que muitas irão morrer. Para sobreviver nesta altura vai ser fundamental inovar, ler o mercado e adaptar-se à realidade ou mesmo reinventar a realidade.
“Revenge Spending” no Turismo?
O pós Covid-19 teve um efeito de consumo desenfreado na China mas, no longo prazo, a economia também irá previsionalmente entrar em recessão grave.
Este conceito, que remonta aos anos 80 na China, foi apelidado de “Revenge Spending”, em português “Consumo por Vingança”. Na prática, a teoria passa por um aumento do consumo significativo no pós-surto com as pessoas a voltarem a consumir.
Esse consumo não compensa as quebras do COVID-19 mas, no curto prazo, permite algumar recuperação. No entanto, não sabemos se vamos ter este efeito em Portugal apesar de tudo o que tenho lido parecer indicar isso mesmo.
Ainda assim, e pensando no Turismo em particular, o caminho da recuperação parece ser sobretudo o mercado interno.
Após o surto passar, vai haver algum crescimento da restauração no curto prazo, sendo que o crescimento no médio e longo prazo irá depender do desemprego e poder de compra das famílias. Creio que terá de ser tido em consideração que muitas pessoas irão perder económico e, por isso, vão canalizar a sua liquidez para aquilo que é comummente designado como essencial, abdicando de alguns “luxos”.
Porém, o Turismo Interno parece ser a solução da recuperação de curto prazo de Portugal já que, externamente, apontar para uma forte queda de turismo não apenas durante o período de contingência mas igualmente após esse período (face ao receio inerente à pandemia).
Então, o que fazer…?
Como disse acima, acredito que este setor vai sofrer bastante com este surto. Acredito que os principais players no mercado irão sobreviver e, quem tiver a capacidade de inovar e criar novas experiências irá prosperar.
Percebo que nesta hora seja tudo menos simples pensar em soluções. O desânimo e as más notícias afetam-nos a todos.
É porém importante não parar nem baixar os braços… Esta é a altura para construir, melhorar, fazer.
Se puder ser teu mentor neste processo e tentar, de alguma forma, poder contribuir, sabes onde-me contactar.
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